Recentemente, compartilhei nas mídias sociais um questionário preparado pelos pesquisadores da Eötvös Loránd University, que fica em Budapeste, na Hungria. Eles estão estudando o processo de envelhecimento dos cachorros, especialmente como o comportamento muda à medida que os anos passam e com que idade podem começar a aparecer os sintomas do envelhecimento e da síndrome da disfunção cognitiva, mais conhecida como ”Alzheimer canino”.
Foram coletados dados de 4.417 cães, com idade que variou entre 8 semanas a 26 anos. 42,6% dos cachorros eram mestiços e 57,4% eram de raça. Ao todo, 83 raças foram representadas na amostra.
Este foi um dado divertido: saber quais os nomes de cães são mais comuns por aqui!
Ranking | Nome do cachorro | Número de cães |
1. | Mel | 134 |
2. | Nina | 133 |
3. | Belinha | 58 |
4. | Meg | 49 |
5. | Luna | 48 |
6. | Thor | 44 |
7. | Billy | 33 |
8. | Bob | 30 |
9. | Pingo | 27 |
10. | Lola, Nick | 25-25 |
As raças de cães mais comuns dentre as pessoas que responderam ao questionário foram:
Ranking | Raça | Número de cães |
1. | Poodle Miniatura | 346 |
2. | Yorkshire Terrier | 222 |
3. | Lhasa Apso | 212 |
4. | Shih Tzu | 194 |
5. | Dachshund | 178 |
6. | Pinscher Miniatura | 154 |
7. | Labrador Retriever | 147 |
8. | Poodle Standard | 146 |
9. | Cocker Spaniel Inglês | 98 |
10. | Maltês | 89 |
Abaixo, algumas estatísticas que mostram algumas características demográficas e de manutenção dos cães nesta amostra brasileira:
A porcentagem de cães (tanto machos quanto fêmeas) castrados é alta. A castração é uma medida efetiva e extremamente importante para combater superpopulação, abandono e proliferação de doenças graves. Mas vejam que ainda é necessária conscientização destes riscos, visto que ainda há muitos cães não castrados.
Quando penso em bem-estar dos cães, uma das primeiras coisas que me vem à mente é permitir que eles possam ficar próximos à família, dentro das residências. Portanto, esta alta porcentagem de cães que vivem nesta condição me deixou muito satisfeito!
Este resultado me mostrou que podemos treinar muito mais comandos com os cães! Lembrem-se sempre que se trata de uma forma de estimulá-los mentalmente e melhora bastante a comunicação e o relacionamento das pessoas com eles!
Ter uma rotina bem estabelecida de atividades com os cães (alimentação, brincadeiras, passeios, treinos), ajuda a mantê-los equilibrados e tranquilos. Esta é uma medida importante especialmente quando o cão é muito ansioso, já que a previsibilidade do que vai acontecer em seu dia a dia é um fator importante para deixá-lo tranquilo.
Em geral, os cães “envelhecem” por volta dos 8 anos de idade, de acordo com os tutores que responderam a este questionário, o que vai de acordo com a literatura sobre o tema.
No entanto, parece que o envelhecimento depende do porte do cão. Por exemplo, aos 10 anos de idade, mais de 90% dos cães de grande porte eram considerados idosos pelos tutores, em comparação com 80% dos cães de porte médio e 70% dos chamado “miniatura”. Ou seja, quanto maior o porte do cão, mais cedo os tutores parecem notar os sinais de envelhecimento.
Além disso, como já era esperado, os cães considerados idosos diferiram dos “não idosos” na maioria das características comportamentais. No entanto, curiosamente, não foram encontradas diferenças entre cães “idosos” e jovens no que diz respeito à sociabilidade.
Entre as muitas doenças que afetam os cães idosos, a Síndrome da Disfunção Cognitiva canina é a mais evidente e tem muitas semelhanças com o Mal de Alzheimer que atinge os humanos.
A síndrome é caracterizada por uma variedade de sintomas, como desorientação espacial, mudanças no ciclo vigília-sono, problemas de eliminação, mudanças no comportamento social, problemas de memória e dificuldades de aprendizagem.
Em geral, os cães começam a apresentar alguns desses sintomas por volta dos 8 anos de idade. No entanto, quando a síndrome se torna efetiva (ou seja, com vários sintomas que ocorrem pelo menos mensalmente) parece desenvolver-se por volta dos 15 anos de idade.
A prevalência da Síndrome da Disfunção Cognitiva também depende do porte do cão. Cães de porte mini mostram um aumento mais gradual com a idade do que os cães de grande porte. Curiosamente, no caso de cães de porte médio, há uma queda repentina na prevalência da síndrome após os 18 anos de idade.
Durante a velhice estamos talvez diante da fase da vida de nossos cães em que eles mais precisam de nós. Por isso, vale consultar o médico veterinário que poderá prescrever os medicamentos e medidas necessárias para lidar com os problemas que surgem com a idade, inclusive o Alzheimer canino.
Além disso, manter uma rotina ativa (respeitando sempre as limitações físicas e de saúde), ajuda a manter o cérebro também ativo.
É importante também procurar não mudar o ambiente ao qual o cão já está habituado, pois um dos sintomas que acometem os idosos com o “alzheimer canino” é a desorientação.
Por fim, muita coisa ainda precisa ser decifrada pela ciência no que diz respeito ao envelhecimento dos nossos pets. Mas saber que há cientistas prestando atenção, colhendo dados, estudando esta fase em que os cães merecem tanto carinho e cuidado me deixa bem animado!
Mais uma vez agradeço a cada um de vocês que dispôs de um tempinho para responder ao questionário.